Ensaios de geografia linguística

São Francisco; do caboclo canoeiro ou do seringueiro do Amazonas; do vaqueiro do nordeste; do gaúcho dos nossos pampas; do caipira, do roceiro, do tropeiro goiano, fluminense, mineiro, mato-grossense; do jangadeiro do norte, do canoeiro do sul; enfim, de toda essa gente criada ao léu da natureza brasileira em várias latitudes, altitudes e longititudes, e através de várias gerações identificada com o meio físico em que labuta, vive e sofre, e no qual circulam suas vozes e sua sabedoria popular.

E assim, a par da obra que nos ligará mais à nossa terra e à nossa gente, haverá também motivos para estudos monográficos maiores ou de menor vulto, sobre ciência pura, belas-artes, belas-letras, artes científicas, artes menores; sobre todos os aspectos entrelaçados à nossa história; sobre a religião sob cujo signo nascemos, crescemos e ainda vivemos, como também sobre todas as antigas e modernas religiões e cultos espalhados pelo mundo ou já em curso entre nós: em última análise, sobre tudo quanto sendo patrimônio de um país, de uma raça e de uma civilização veio a se integrar como patrimônio comum na cultura universal.

Infelizmente não pode o autor deste ensaio perlustrar, com exemplos, todas essas províncias do saber. As ligeiras linhas com que este trabalho foi esboçado poderão, quando muito, reclamar, secundando a lição autorizada de outros estudiosos, a criação de um instituto de alta-cultura, servido das nossas fontes intelectuais

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