Ciclo do carro de bois no Brasil

do interior de Minas, de São Paulo, do estado do Rio, relações conquistadas nos dias afanosos do Reajustamento Econômico.

Começou a receber as primeiras miniaturas de carros, de peças isoladas de grande interesse para os esclarecimentos desejados.

Desse início de colheita de material, veio a ideia de imprimir um questionário e distribuí-lo por todo o País entre pessoas experientes de nossa vida agrária.

Os quesitos foram estudados e reestudados. O projeto criou corpo e, ao fim, cogitou-se de imprimir o questionário, reservado nas páginas o espaço para as respostas.

Bernardino, como em tudo que fazia, apurou a parte material do folheto, não faltando sequer uma bela gravura alusiva para ilustração da capa.

Tudo foi realizado em tempo "record" e não tardou o início das remessas para o interior.

As primeiras respostas eram um encanto para o pesquisador infatigável, que logo estabeleceu os critérios de aproveitamento do material recolhido.

E as gravuras e fotografias para ilustração foram sendo recolhidas com o inestimável auxílio do prof. Teodoro Augusto Werner, residente em São Paulo. Inicialmente, por correspondência, e, depois, em contatos no Rio e na capital paulista, os dois lançaram-se à cata de documentação. Em livros, em revistas, nos arquivos, nas bibliotecas foram sendo desenterradas ilustrações para o livro. De dezenas foram a centenas e ultrapassaram o milhar.

Trabalhou febrilmente durante quatro anos. Concluída a tarefa, vieram as desilusões quanto à publicação imediata. Editoras, instituições, órgãos de cultura revezavam-se no interesse pelo livro, esbarrando logo ante as dificuldades. Sua natureza e sua extensão foram entraves irremovíveis a uma pronta impressão da obra.

E tudo isso coincidia, agravando, com o declínio final da saúde de Bernardino de Souza. O ano de 1948 foi todo de sofrimentos físicos e morais. Seu último pensamento, na tarde de 11 de janeiro de 1949, momentos antes de falecer, é para o livro inédito.

Recomendou ao filho, num derradeiro esforço de palavra: "Estão no Tribunal de Contas os originais do 'Carro de Bois'. Aquilo vale alguma coisa."

Por tudo isso é possível avaliar o grande serviço que a Companhia Editora Nacional, ao ensejo das comemorações de seu trigésimo ano de atividades editoriais, presta com a publicação deste livro, merecendo, pois, a gratidão dos que estimaram em vida Bernardino José de Souza e de todos os que amam a cultura, hoje e sempre.

PERICLES MADUREIRA DE PINHO

Diretor Executivo do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais

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