Ciclo do carro de bois no Brasil

carros do bois. "Ao lado dos noivos ilustres, viajavam parentes e amigos, utilizando o mais aristocrático meio de transporte da época. Os carros eram cobertos com toldas de palha de coqueiro e enfeitados com flores silvestres."

Além do carro, por dizê-lo nupcial, há que lembrar os que traziam à fazenda ou povoação as famílias dos parentes e dos amigos convidados para a solenidade, tanto mais numerosas quanto mais alto o prestígio das famílias interessadas. Eram oportunidades em que os fazendeiros mostravam o seu garbo, o orgulho do seu gado de trabalho, esmerando-se cada qual no apresentar mais escolhidas e mais belas juntas de tração. Neste sentido, deu-nos interessante informação o engenheiro Carlos Martins Costa, de Mato Grosso: "No casamento, não há muito tempo realizado, de uma filha do Sr. José Mariano, descendente de mineiros, morador na fazenda "Alavanca", no município de Entre Rios, compareceram cerca de 20 carros de bois, cada um puxado por 12 juntas, qual mais emparelhada, robusta e formosa."

Em nossa terra natal tivemos oportunidade de ver reunidos em dias de casamento, batizados, aniversários e outras festas de família, dezenas de carros de bois que conduziam os convidados.

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O transporte de mortos para a última morada em carros de bois é costume que se encontra em certas regiões do mundo.

Para não citar outros exemplos é bastante relembrar que, ainda em 1939, o corpo do grande estadista romeno ARMANDO CALINESCO, barbaramente assassinado nas ruas de Bucarest, em 21 de setembro, foi, consoante as velhas tradições do país, transportado para o cemitério de Cortea-de-Arges, sua terra natal, em um carro de bois, tirado por três juntas inteiramente alvas. Deste fato a Illustration Française, de 7 de outubro de 1939, reproduziu uma sugestiva gravura.

No Brasil, se bem que não seja uso generalizado, a realização de funerais em carro de bois registra-se em algumas zonas.

Afora casos de emergência, em tempos por exemplo de epidemias, quando não raro se recorre a esse meio de transporte, podemos citar exemplos de enterramentos feitos em carros de bois. Tal o que nos foi lembrado pelo ilustre tabelião de Araruama, no estado do Rio de Janeiro: "Em 1872, residia em Palmital de Saquarema, na fazenda de que é hoje proprietário José Mariano Coutinho, a viscondessa de Itaboraí, que faleceu nesse ano: seu corpo foi transportado para o cemitério de Saquarema num carro de bois pertencente ao Barão de Monte Belo, fazendeiro no mesmo município, testemunhando o fato o Sr. Antônio de Oliveira, funcionário do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, natural de Saquarema e falecido em 1941, com 86 anos de idade".

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