ordem e soberba que pareciam que já nos tinham em suas mãos. Nossos companheiros mostravam tanta coragem que lhes parecia que não bastavam para cada qual mil índios, e estes foram chegando até começar a ofender-nos.
Logo ordenou o capitão que aparelhassem arcabuzes e balhestas. Aconteceu-nos então não pequeno contratempo, o dos arcabuzeiros acharem a pólvora úmida, nada podendo aproveitar, de modo que foi preciso, na falta de arcabuzes, supri-los com as balhestas. Começaram os besteiros a fazer algum dano aos inimigos, porque estavam perto e amedrontados. Vendo os índios que tanto mal lhe fazíamos, começaram a deter-se, não demonstrando cobardia mas antes parecia que lhes crescia o ânimo, e vinha sempre muita gente em seu socorro. E cada vez que chegavam reforços, começavam a acometer tão ousadamente que parecia que queriam tomar de assalto os bergantins. Deste modo fomos pelejando até chegarmos à aldeia, onde havia uma multidão, posta nas barrancas em defesa das suas casas. Aqui tivemos uma batalha perigosa, porque como havia muitos índios por água e por terra, de todas as partes nos faziam crua guerra. E assim foi necessário, embora com risco de perecermos todos, atacar e tomar o primeiro posto aonde os índios se opunham ao desembarque dos nossos companheiros, pois o defendiam mui corajosamente. Se não fossem as balhestas, que deram certeiros tiros (por onde pareceu bem ser providência divina o que sucedeu com a noz da balhesta), não se conquistaria o porto. Com esta ajuda encalharam em terra os bergantins e saltou n'água a metade dos nossos companheiros, dando nos índios de maneira tal que os fizeram fugir e a outra metade ficou nos bergantins, defendendo-os da outra gente que andava n'água e que não parava de combater, embora estivesse ganha a terra, persistindo em seu maléfico propósito. Tomado o princípio da povoação, mandou o capitão