Prefácio
As narrativas das viagens de Orellana e Pedro Teixeira são três crônicas que se completam, descrevendo quase o mesmo roteiro, com intervalo de um século.
São muito desiguais, íamos quase a dizer opostas, no seu estilo. A do frade dominicano é pesada, cheia de repetições e orações incidentes, difícil de ler e acompanhar, sendo poucas as informações que nos dá da natureza e mesmo das tribos indígenas, tendo apenas interesse as que se referem às Amazonas. Ao tempo da viagem de Orellana, segundo a narrativa de Carvajal, eram as margens do Amazonas povoadíssimas, de povos em constante guerra, quase todos hostis aos viajantes.
A narração de Acuña é leve, dividida em pequenos capítulos, dando um sem número de notas curiosas, o que torna o opúsculo do jesuíta de leitura amena e agradável. A outra, que se atribui a Alonso de Rojas, é também de fácil leitura, semelhante, no estilo, à de Acuña, que dela transcreveu alguns parágrafos. Pelas traduções que se seguem poderão os leitores fazer o confronto. As dos jesuítas são quase literais. Na de Carvajal eliminei centenas de — o dito —, e outras muitas repetições, procurando dividir os longos e intermináveis períodos em sentenças mais curtas e incisivas. Sem modernizar completamente o texto do velho cronista espanhol, tentei amenizá-lo.