Pelos sertões do Brasil

estimado amigo e distinto colega Tte. Júlio C. Horta Barbosa:

"Petrópolis, 14-1-926. Prezado am.° Amilcar ... Recebi sua carta enderaçada para Ponte Nova, de Minas, (onde estive trabalhando como engenheiro da Empresa de Melhoramentos, empreiteira dos serviços de força e luz, água e esgotos), e também os seus artigos sobre as expedições do Ikê e do Juruena. Apreciei-os muito, sobretudo os últimos. Agradeço-lhe imensamente as referências feitas a mim, testemunho de sua boa amizade, que muito prezo. Eu bem sei que não as mereço.

Há um engano seu a meu respeito: eu não saí da Comissão devido à requisição do Ministro da Guerra, mas, a pedido, para gozar de uma vantagem legal, que permitia aos oficiais se licenciarem, com prejuízo do tempo para reforma. No gozo da licença assim obtida, estava dirigindo a E. F. Norte do Brasil, como seu engenheiro-chefe, quando o nosso país entrou na Grande Guerra, em virtude do que, foram suspensas todas as licenças e eu tive de me apresentar, indo então para a Bahia, de onde fui mandado para Alagoas, dirigir as obras de reparos de um quartel.

Quanto à canoa em que desci o Arinos e o Tapajós, foi fabricada no Arsenal de Guerra de Cuiabá, de zinco comum, liso, dividida em quatro partes, para poder ser transportada em cargueiros até o Porto Velho, como foi, e lá ser armada. Não tenho mais nota das dimensões, mas sei que ela deu ótimos resultados, tendo correspondido completamente às minhas esperanças. Muito leve, suportava uma grande carga, muito firme, e não era frágil como parecia. Uma vez, tendo batido numas pedras ficou com um buraco que facilmente tapamos com uma tampa de lata de banha cravejada."

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