Portuguesa ou espanhola que fosse a Colônia, a cobiça seria a mesma; a febre, a fome europeia pelo açúcar, forçando a conquista do seu maior centro produtor. Demais, estava aberta a luta veemente entre o "comércio livre" e o "monopólio oficial", como entre nós explanou com mestria João Ribeiro. Duas escolas, duas épocas, dois princípios antagônicos que se enfrentavam em pleno século XVII, quando a doutrina de Grotius, da liberdade relativa dos mares, vencia a doutrina papalina que dividira, nos últimos anos do século XV, os grandes oceanos (extra europeus) do planeta entre as duas nacionalidades ibéricas. A guerra, pois, viria de qualquer forma, notável que era a presa cobiçada. Demais, se não fossem os holandeses os autores do plano de conquista — por serem os mais aparelhados pelo que aprenderam, quando subjugados pelos espanhóis — não faltariam outros candidatos... Mesmo em terras brasileiras, ora ao sul, ora ao norte, franceses e ingleses mostraram que não lhes era pequeno o desejo de posse ou de comércio da colônia americana. E, já de longe, frei Vicente do Salvador sustentava a tese, ampliada depois por Capistrano de Abreu, da vantagem dessa constância da cobiça estrangeira às nossas terras: cada pirata, cada tentativa de conquista estrangeira determinava, de fato, uma reação portuguesa: uma expulsão, uma posse revigorada, uma conquista