Vultos e episódios do Brasil

de ombros o ceticismo, desminta a negação, duvide a própria Fé. Há qualquer coisa segredando-me que as palavras bíblicas, no dia em que se não aplicarem a Ruy Barbosa, ficarão tão vazias de espírito divino como a grota funerária do Emanuel após a Ressurreição. E o coração, que foi buscar esse reflexo de Evangelho para iluminar o outeiro onde Ele descansa, no cemitério de S. João Baptista, entre os braços do Gigante de Pedra, tendo ao peito o crucifixo do Cruzeiro do Sul, ficará tranquilo, repetindo estas palavras:

"Deus arrebata as criaturas na torrente caudalosa dos fatos e submerge as resistências do nosso lodo no abismo da sua Providência".

Antes, porém, que nos separemos, Srs. Ministros, permiti-me o desempenho póstumo de um encargo de Ruy Barbosa.

Vivo ainda ele, que um de vós, senão o maior, seguramente o inexcedido na matéria da sua especialização, João Mendes, o Doutor Angelico do vosso grêmio, já se libertava da invalidez para melhor subir os degraus da escada dos céus, o Clímax dos eleitos. Ruy Barbosa, testemunha do meu carinho por ele, incumbiu-me, pelo telefone, de Petrópolis, onde se achava, representá-lo no saimento do corpo do meu velho amigo e mestre.

Preso, porém, no leito, esse dever de coração não me foi dado cumpri-lo. Depois, quando fui à sua casa, já a encontrei desmontada e a família em São Paulo.

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