Ver a tempestuosa carreira do intemerato jurista coroada por esse galardão único e só da Casa do Direito, é um desses espetáculos que reconciliam com a natureza humana, às vezes tão agreste, e afervoram a fé no Criador de todas as coisas.
Na profissão que abraçou, talvez pelo atavismo de uma família que deu quatro ou cinco desembargadores e presidentes aos mais altos paços judiciários de Lisboa, Bahia e Rio, não lhe faltaram as pedras e injustiças que costumavam calçar-lhe o caminho e castigar-lhe a superioridade. De sorte que a vossa homenagem tem o duplo sentido de uma consagração e de uma reparação; é um aresto que sentencia ao mesmo tempo sobre o mérito do jurisconsulto e a consciência do advogado.
Neste homem, que realizou o milagre de ser ao mesmo tempo o maior escritor, o maior orador, o maior linguista e o maior advogado do seu tempo, nenhum traço mais característico, mais constante, mais definido que o do advogado.
Nenhuma das suas outras especializações passava de ancila desta. Linguista, que pedira a Camillo a bateia com que joeirava as mais profundas areias dos nossos textos, não foi para a advocacia que, desde menino, quando o pergaminho era o seu horizonte, se acadimou na cata do oiro vernáculo?
Orador, que pedira a Vieira a sua roda de diamantes e à Bíblia a sua roda de constelações, para que entesoirava ele as gemas diamantinas e