estelares da sua lapidação, senão para engastá-las nos seu libelos?
Escritor, que recebeu de Luiz de Souza a pureza, de Manoel Bernardes a louçania, de Castilho Antonio o timbre, de Herculano a severidade, de Latino Coelho o número, de Eça de Queiroz a refrangibilidade, de Machado de Assis a intenção, de João Barbosa, seu pai, a consciência, e do maior dos maiores, do seu próprio gosto, a perfeição, para que deu ele à pena essa têmpera de escopro, senão para mais imaculadamente esculpir nos mármores da língua a defesa da liberdade e o direito?
Madrugando-lhe bem cedo a vocação, os pais, que lhe ouviam a palavra arder em chamas na defesa da menor injustiça, assinalavam-na, zomba-zombando em um gracejo, que ele costumava referir:
"Ruy, tu és o advogado dos cachorros." Estava escrito que o motejo paterno seria um vaticínio.
Corriam-lhe aí os dez ou doze anos. Eram os tempos em que o moleque da casa, embevecido pela fatiota nova do patrãozinho, encontrava esta fórmula ingênua para o seu deslumbramento:
"lh! O Ruy como está bonito! Parece um boleeiro!"
O homem não desmentiu o infante. Advogado foi sempre.
Advogado, às vezes dos pequenos, às vezes dos grandes. Mas sempre, e sobretudo, advogado.
Advogou a causa dos escravos: eis a Abolição. Advogou a causa da Federação: eis a República.