Empreendi desde então uma obra, árida às vezes, às vezes cheia de inefável encanto: investigar na poeira do nosso passado os germens das nossas ideias atuais, os primeiros albores[alvores] da nossa psique nacional. O passado vive em nós, latente, obscuro, nas células do nosso subconsciente. Ele é que nos dirige ainda hoje com a sua influência invisível, mas inelutável e fatal.
Devera realmente assim ser. Nossa história é ainda muito curta, não tem quinhentos anos. Enquanto povos, como o inglês, o francês, o português, historiam a sua vida por um período milenar, dentro do qual as maiores transmutações sociais se operam na massa nacional, nós a historiamos minguadamente por séculos, que no máximo atingem quatro em certas regiões e, noutras, não chegam a três.
É claro que dos reflexos históricos dos períodos iniciais ainda se deve ressentir muito vivamente o nosso povo na sua organização social e na sua mentalidade coletiva. Nem será difícil rastrear esses reflexos numa marcha histórica, que dura apenas quatro séculos e de que achamos, através dos documentos e testemunhos, as pegadas, por assim dizer, ainda recentes e frescas.
Mais do que nessas nações milenárias, esse passado, tão novo ainda, é para nós do