Com toda a razão pretende o célebre moralista americano que a veracidade é um distintivo das organizações superiores, e que, praticamente, o poder britânico assenta na sinceridade nacional. Nenhuma situação aturaria que um capadócio ousasse ir declarar pataratas, em nome do governo, na Câmara dos Comuns. Até lord Chesterfield, tão requintado na polidez francesa, ao definir o gentleman, diz que a veracidade é o que o caracteriza, e o duque de Wellington, com justa altivez, assegurava ao general francês Kellerman que na palavra de um oficial inglês se podia sempre ter confiança.
MENTIRA E MENTIRA
Nessa escala o Brasil político dos nossos tempos ocupa a extremidade oposta. Se é certo, como entende Emerson, que a veracidade, no homem, resulta de uma têmpera mais sã na sua estrutura, estamos, aqui os homens políticos de hoje no ínfimo grão das raças estragadas. Os nobres da Grã-Bretanha tinham, nos seus brasões, motes e empresas, onde se exprime verdadeiro culto da palavra