A imensa obra de Ruy Barbosa resente-se da falta duma síntese, em que ele próprio tenha resumido os pontos principais do seu organum, isto é, do corpo doutrinário das suas ideias. É exato que nunca perdeu oportunidade para fixar os seus princípios e opinar sobre os grandes problemas da nossa vida. Neste particular, sua obra estrela-se a cada passo de resumos de incomparável concisão e vigor. Para não citar outros, basta o célebre Credo, que foi várias vezes tirado em avulsos, e que é uma espécie de catequismo de sua fé.

Mas a obra de Ruy Barbosa, dispersa e fragmentária, ainda não coligida numa edição completa, é de difícil acesso. Volumes e volumes há que constituem verdadeiras raridades. As "Cartas de Inglaterra", a obra em que as suas ideias mais claramente se definem, só recentemente foi vulgarizada por uma segunda edição. Os exemplares da primeira vendiam-se, correntemente, a duzentos mil réis, o que os tornava