Aí está, senhores, como opera o trabalho incansável da mentira. O governo brasileiro de mim mesmo recebera a declaração de que eu não aceitava a embaixada pelos motivos de consciência e dignidade indicados nas minhas cartas. O governo brasileiro me respondera, acusando ciência desses motivos, buscando em parte rebatei-os, e deplorando não lhe ser lícito, à vista da natureza deles, insistir no convite. Mas, prevendo que à galeria europeia não era tão fácil de se engorgitar com esta cena de vão palavreado, aparelhou de antemão o contrachoque, mandando anunciar no Congresso de Paris, que eu, para não aceitar o cargo de embaixador, alegara enfermidade.

Que dirieis, senhores, de um particular, que mentisse arrostando a verdade com esse brônzeo despudor? Dirieis como os antigos. que ele mentia pela gorja, ou como dizemos hoje, dirieis, que mentiu como um sem vergonha, como um desbriado.

Ríspida é a palavra, mas insubstituível, a não ser por termos ainda mais cortantes. E será que a expressão já não tenha a mesma propriedade quando o vilanaz, colhido em flagrante da mentira , descarada, em vez de um