Afrodite de Cnido não prestou exame de grego antes de posar no estúdio de Praxiteles. O meu amigo, porém, retrucava que isso era naquele tempo, em que só se reproduzia o que era "bonito". Mas a nossa conversa parou ali, porque não houve meio de nos entendermos a respeito do que é "bonito".
Outro ponto sobre o qual também praticamos foi a questão do "tipo".
Ele sustentava que seria preciso mandar aos Estados Unidos o "tipo brasileiro". Eu, por meu lado, limitava-me a perguntar-lhe qual seria o tipo da francesa. A mulher morena e vistosa do Sul, a arlesiana? A loura alta e angulosa, às vezes ruiva, de Flandres? E o da Germânia? A do Norte ou a do Sul? Como pois querer que o Brasil possa apontar "um tipo?"
O homem levava para a antropologia e a estética a mesma preocupação política dos "bons patriotas" que acreditam ingenuamente que o código civil poderá ser, de fato, o mesmo no Rio Grande do Sul e no Amazonas... Ora o "tipo", no caso em questão, deve ser um ideal. Se fossemos escolher, de fato, o tipo mais frequente em uma determinação científica, seria melhor não comparecer ao concurso, visto que ele se fará nos Estados Unidos, onde existe a conhecida color line e onde a mais pequena gota de sangue negro, que às vezes dá tão grandes atributos a alguns