da nossa história no recesso dos arquivos portugueses. E espanhóis, lembremo-lo de passagem.
Nada mais exato e expressivo do que estas palavras de Ernesto Ennes: "Os arquivos e bibliotecas de Portugal permanecem pejados de manuscritos e códices, repletos de documentos oficiais absolutamente inéditos acerca da história do Brasil."
"Contam-se por milhares, para não dizer milhões; são códices e códices, documentos, cartas, ofícios, memórias, discrições, mapas, plantas, desenhos etc., tudo inaproveitado, inerte, sobre tantos e tantos assuntos, muitos ignorados, outros apenas entrevistos, mal estudados uns, errados muitos, e mal interpretados a maioria."
"Contribuir pois para o conhecimento e divulgação desta riqueza documental é obra absolutamente indispensável e benemérita".
Rememora Ernesto Ennes o conceito frisante de um escritor britânico de que a era da história se encerrou para dar lugar à do documento. E realmente ninguém mais admite o que se permitia fazer "o oco e bulhento" Rocha Pitta, o que, já em pleno século XVIII, lhe verberava o nosso Pedro Taques "escrever a História sem a lição dos cartórios". E soberanamente domina o axioma de Seignobos: "pas des documents, pas d'histoire".
Coligiu Ernesto Ennes enorme cópia desse material básico para o esclarecimento dos fastos palmarenses; comentou os seus opulentos achados com a segurança de quem se tornou senhor absoluto do assunto versado, segurança a que ilumina a lucidez do critério e a profunda honestidade do propósito.
É um serviço relevante à nossa história o que representa este volume d'As guerras dos Palmares, ao mesmo tempo portador de tanta novidade sobre a