em relação à arte e à literatura do café. Encerra também ela, em apêndice e acompanhado de notas minhas, o primeiro romance brasileiro sobre o café, lavra de Luiz Alves da Silva de Azambuja Susano e publicado aqui em 1847. Creio que não me serão negados louvores por desentranhar eu do injusto olvido essa pequena e curiosa novela, considerada pelo grande mestre Capistrano de Abreu como uma das melhores obras do século passado, surtas em nossa pátria.
Em 1934, veio à luz em Berlim um curioso livro sobre a coffea arabica: Sage und Siegeszug des Kaffees — Die Biographic eives weltwirtschaftlichen Stoffes, da autoria de Heinrich Eduard Jacob. No ano seguinte foi trasladado a inglês e reeditado nos Estados Unidos (New York, Viking Press) e em Londres (George Allen & Unwin Ltd.), sob os respectivos títulos de Coffee: the epic of a commodity e The saga of coffee. Só vim a conhecê-lo recentemente, por ter tido a fortuna de encontrá-lo na biblioteca da Universidade do Distrito Federal, então a cargo do brilhante e operoso Gastão Cruls.
Tratando-se de uma publicação já existente em nosso país e fácil de ser examinada pelos conhecedores da língua inglesa, — eu bem desejara que os leitores deste meu trabalho o cotejassem com o do judeu alemão. Só assim poderiam verificar que este meu livro, pelo seu copioso e documentado material histórico, folclórico, artístico e literário, é que é a verdadeira saga do café.
Mas o meu é escrito em português. E lucubrou-o um brasileiro de cultura desinteressada, o qual, longe de visar a lucros pecuniários com os frutos de seu espírito, tem tido sempre por mira única a grandeza e a glória da Pátria.
BASILIO DE MAGALHÃES Rio, dezembro de 1938.