Entre eles encontraremos os gês, cuja civilização material, religiosa, social, enfim, não parecerá menos interessante e complexa do que a de seus vizinhos litorâneos, os tupis, os quais, à semelhança dos hebreus, representavam o povo cosmogênico (João Ribeiro).
Não os entenderam os colonos, convencidos de que os índios, como os anormais da conduta, exigiam educação ou tratamento emendativo.
O homem elementar vê no universo exclusivamente a operação de causas ocultas e invisíveis; exclusivamente a manifestação de forças e entidades místicas. A própria realidade, em que se move o selvagem (explica Lévy-Bruhl), é mística. "Pas un être, pas un objet, pas un phénomène n'est dans leurs représentations collectives ce qu'il nous paraît être à nous".(1) Nota do Autor Quase sempre é indiferente àquilo que nos chama a atenção, embora, por outro lado, alcance coisas que escapam por inteiro ao nosso entendimento. Vê de modo diverso do homem civilizado. Para ele, por exemplo, a imagem e o objeto são coisas idênticas. Pelo mesmo motivo, percebe os nomes dos seres como se tais nomes fossem fatos reais, concretos, palpáveis, em geral sagrados. Suas funções mentais são como que impermeáveis à experimentação, tornando-se, desse modo, o homem selvagem alheio à nossa razão, aos nossos desmentidos, às nossas explicações.(2) Nota do Autor
A tarefa desta obra é surpreendê-lo no seu mundo misterioso e profundo, povoado de gênios e de espíritos