A abolição e a república foram as duas únicas preocupações da sua vida de lutas incessantes, e a elas deu tudo sem nunca reclamar a sua parte nos despojos, como é praxe do país. É que na sua construção moral, retificada ainda pela educação filosófica consistente em suprimir fronteiras e limites, não havia lugar para recompensas individuais a serviços que são da humanidade.
É isso que explica o julgamento de Rangel Pestana, quando traça os contornos morais desse vulto desconcertante de menino bracejando no vortilhão de princípios em tormenta, que tal foi a campanha republicana:
"Silva Jardim é a organização moral mais integrada, a dedicação mais sincera, o ardor mais pronunciado pela vitória da ideia que de todo o dominou, a audácia mais requintada em afrontar as iras do preconceito, e o espírito mais afeito à propaganda, de todos quantos nela tomaram parte em sua segunda fase. Espírito rebelde, intransigente, autoritário e insubordinado, pôs à causa da república toda a sua atividade, todo o seu concurso. Pouco afeito às dificuldades da organização, para que não se sentia com as condições precisas, era, entretanto, um homem feito e talhado para a propaganda. Podemos mesmo dizer — dela é a figura mais proeminente".
Essa imponente figura de lidador, que "representa a maior força mental do movimento republicano", que aos trinta anos de idade já havia derruído um trono