Silva Jardim

O mal, entretanto, não é do regime, como explicam os sociólogos saudosistas. O mal é dos homens apenas, que não souberam ou não quiseram enxergar a realidade da situação, que se mostrava com a clareza dos fatos evidentes.

Desse trecho acidentado da nossa história muito poucos nomes conseguiram flutuar com a grandeza capaz de afrontar a posteridade. É que os sucessos foram maiores do que os homens, e estes se submergiram definitivamente, antes mesmo que terminasse o ciclo da sua geração.

Silva Jardim é dos pouquíssimos que se salvaram, e assim mesmo talvez o seja pelo golpe do destino que o abateu em plena mocidade gloriosa, sem dar-lhe tempo de mergulhar-se no mare-magnum das competições inferiores, que é constante no panorama político do Brasil.

Grande movimentador de ideias, daqueles que saíram incorruptíveis da feiticeira retorta de Augusto Comte, Silva Jardim, com o fogo da sua inteligência inquieta, com os arroubos da sua mocidade tumultuaria, com a bravura cívica que é o traço marcante da sua alma de agitador — foi o mais alto batalhador dos ideais democráticos do Brasil.

Inteligência caldeada por uma vontade que nunca sentiu a ameaça da fraqueza, a sua voz, desde os tempos de acadêmico, foi instrumento indormido de reivindicações em todo o lugar em que elas o chamassem.

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