Senhores, não tenho constrangimento nenhum em declarar-vos neste momento que Silva Jardim foi meu mestre, meu diretor, por assim dizer, espiritual; que foi o orientador talvez do meu espírito, porque convivia intimamente comigo, foi meu amigo particular, meu companheiro; e para muitos dos colegas presentes posso apelar, para muitos que sabem que a nossa convivência, a nossa amizade, não eram comuns e sim uma convivência fraterna, uma amizade de irmãos; por este motivo tão somente, ligado a ele de corpo e alma, por mais de uma vez o ouvi e o tive junto a mim, cercando-o e procurando até defender o seu próprio corpo diante de perigos iminentes; o vi sempre tranquilo, calmo, impassível, alevantado, diante do ideal que o guiava, diante da ideia que representava, diante dessa propaganda de que ele foi alma, mas alma consciente, nessas pugnas que ele sustentou com tanto brilho e por tanto tempo. Ouvi-o nesta capital, nessa celebrada conferência de 30 de dezembro, em que nós, os republicanos, éramos vil e traiçoeiramente ofendidos, atacados por assalto à mão armada.
Vi-o nessa heroica província de Minas, berço talvez da liberdade da nossa pátria, vi-o na pátria de Tiradentes, vi-o nessa tradicional cidade de São João d'El-Rei, com a maior fleugma, impassibilidade e sangue frio, arrostar com a sanha feroz e torpe daqueles que se constituíram o instrumento vergonhoso, miserável, infame dessa dinastia, dessa raça que felizmente para nós, para todo o sempre terá desaparecido do solo de nossa pátria (Muito bem).