Silva Jardim

em companhia do Raymundo Corrêa (que se achava nas mesmas condições) e, depois de viajar o dia inteiro num vagão de segunda classe, com a esperança por guia e a confiança em Deus, como estrela, cheguei a São Paulo. Dormimos a primeira noite em um hotel; no outro dia fomos à casa do dr. Siqueira Bueno, amigo do pai de Raymundo, que logo nos prestou os obséquios possíveis.

Por intermédio dele requeremos exame de geometria, e fomos plenamente aprovados perante a banca do curso anexo da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais desta cidade.

O prazer que sinto ao escrever-lhe esta é imenso! Segunda-feira matriculo-me. Também o Raymundo; como hoje foi o último dia de exame e amanhã é domingo, o diretor consente que nos matriculemos naquele dia.

Um ano poupado, economizado até a medula dos ossos. Um ano de academia, um ano de luta para o futuro, um passo avante, uma barreira vencida!

Mas não paro aqui. Matricular-se significa estudar. Para muitos isto é bastante. Para mim, ainda falta um quid: ganhar dinheiro para estudar.

Pois bem: o dr. Cesário (Cesário de Souza Motta, ex-companheiro de Constante Jardim em Santa Tereza, no Rio), que me tem tanto auxiliado aqui, em São Paulo, me arranjou um colégio, onde, do dia 22 de abril em diante, começarei a explicar português. Quanto ganho, não sei: creio, porém, que há de ser

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