antes de ser recebida em Lisboa a notícia de que Junot chegara, com algumas legiões esfalfadas, à cidade de Castelo Branco, em 23 de novembro de 1807.
Abandonar a Europa para fundar no Brasil um grande império, fora, em Portugal, desde o século XVI, um plano esboçado, estudado maduramente por soberanos e estadistas, quando circunstâncias políticas tornaram periclitante a soberania continental portuguesa, ou esta foi ameaçada por estranhas tentativas de absorção fulminante.
Martim Afonso de Sousa, organizador da colonização sistemática do Brasil, teria sido um dos primeiros a aconselhar a transmigração da Família Real para a América do Sul, revelando a Dom João III a extensão dos seus domínios neste continente e o valor prodigioso das riquezas que nele se encontravam profusamente distribuídas. Poucos anos depois, em 1580, Filipe II da Espanha, no desejo de afastar Dona Catarina de Bragança da concorrência ao trono de Portugal, prometeu elevar, a favor dela, a colônia do Brasil à categoria de reino independente. Mais tarde, Dom João IV, receando pela independência portuguesa, admitia, como propusera o padre Antônio Vieira, a trasladação da Corte para o Rio de Janeiro, lugar mais seguro e distante das cobiças castelhanas, disposto a sacrificar às contingências políticas da península seu filho Teodósio, que ele desejava casar com uma princesa de França.(2) Nota do Autor