História secreta do Brasil – 1ª parte 1500-1831

O CONCEITO DA HISTÓRIA

A história não é propriamente uma ciência; é antes uma arte. Muitos espíritos avançados do século XIX se esforçaram para dar à história esse conceito científico. Havia a mania generalizada do cientificismo. Seus esforços, porém, como que se anularam ante a concepção atual da história. O espírito do século XX é outro e não admite mais esses exageros do cientificismo generalizado, querendo impor a todos os departamentos e categorias do pensamento humano seus cânones empíricos ou pragmáticos.

A investigação dos fatos, a fixação das datas, a interpretação das dúvidas, o confronto e a análise dos documentos, devem certamente obedecer a princípios rigorosamente científicos. Mas a narração dos acontecimentos e sua fixação precisa, no tempo e no espaço, não são a verdadeira história, não formam completamente a história. Além disso, há cousa mais importante, substancial, a projeção dos homens e dos acontecimentos no espelho das épocas, as ideias de cada século, seu espírito, seu gênio próprio. São as mudanças dos aspectos intelectuais do mundo que transformam os critérios dos homens.

Para que a história deixe de ser uma cronologia seca, um rol de fórmulas mnemônicas, é necessário iluminá-la com o esplendor solar das ideias, com a luz maravilhosa da vida espiritual. Assim, a história se reflete melhor na obra dos pensadores, escritores, poetas, dramaturgos e críticos do que na enumeração dos governantes, nas séries das batalhas ou nos salões dos congressos diplomáticos. Por isso, em geral, o que se aprende na história são os movimentos dos corpos sociais, ignorando-se a ação e a vida das almas sociais, das almas dos povos. A verdadeira história seria a revelação da vida espiritual dos homens.

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