A vinda do judeu Gaspar ao Brasil está iniludivelmente comprovada pelas INSTRUÇÕES dadas ao capitão-mor Pedro Álvares Cabral, conservadas entre os documentos da Torre do Templo, que se referem pessoalmente a ele. Fugido às perseguições que, do meado do século XV ao começo do XVI, se desencadearam na Polônia contra os israelistas, cortara as gadelhas reveladoras de sua procedência e afundara-se no Oriente, tendo alcançado as Índias, depois de viver em Jerusalém e Alexandria. Segundo o autor das Lendas da Índia, Gaspar Corrêa, o rei D. Manuel recomendou que ele servisse com Pedro Álvares Cabral, porque lhe havia dado "muita informação das cousas da Índia".
Em Porto Seguro, quando as naus portuguesas lançaram ferros, no ano da Graça de 1500, o judeu procurou entender-se com os selvícolas, recorrendo às línguas e dialetos que aprendera no Oriente. Não se fez entender, nem entendeu patavina. Mas compreendeu o que poderia valer a nova terra, na qual, se se quisesse plantar, daria tudo, como anunciava o escrivão da feitoria de Calecut embarcado na Real Armada.
Para não sermos taxados de fantasistas ou parciais, demos a palavra ao panegirista dos judeus, Sr. Solidônio Leite Filho, grifando suas afirmações mais importantes: "Talvez por seu intermédio tivessem os israelitas percebido desde logo a importância do novo descobrimento, que pouco impressionara o ambicioso espírito do afortunado monarca português, cujas atenções estavam inclinadas para as riquezas da Índia. Aproveitando-se desta opinião, conseguiram alguns cristãos-novos, a cuja frente se achava Fernando de Noronha, arrendar a terra havia pouco descoberta. Sabiam eles PERFEITAMENTE que o comércio