dos fatos. Batizado por Vasco da Gama, o israelita tomou, de acordo com o costume em má hora instituído por D. Manuel e que estragou na judiaria os grandes apelidos da nobreza lusa, o nome de família de seu padrinho; mas, quando a estrela do navegador se foi empanando ante a glória de D. Francisco de Almeida, o poderoso Vice-Rei do Ultramar, o hebreu mesquinho abandonou o nome de Gama e adotou o de Almeida, sem mais tir-te nem guar-te...
Ao tempo do governo de D. Francisco de Almeida, o judeu Gaspar da Gama, de Almeida ou, simplesmente, das Índias, casou-se com uma judia, "grande letrada na lei". Veja-se bem como os Gama, os Cabral e os Almeida não seriam ilaqueados na sua boa-fé de navegadores rudes e de heroicos batalhadores pela lábia e a solércia do judeu polonês! Batizado, sua conversão era tão sincera que se unia, não a uma cristã, mas a uma israelita ferrenha, talmudista praticante. Foi ela quem fez com que os judeus das sinagogas hindus comprassem as bíblias hebraicas que vendia Francisco Pinheiro, filho do Corregedor da Corte de D. Manuel, o doutor Martim Pinheiro, por mando deste, decerto cristão-novo ou cristão judaizante. O episódio mostra como os judeus, secretamente, influenciavam as decisões dos grandes navegadores,(5) Nota do Autor manobravam nos bastidores da governação das Índias e até faziam proselitismo e propaganda religiosa através do próprio Corregedor da Corte, magistrado cuja maior atribuição era perseguir o judaísmo. A história, referida pelos cronistas, da arca de bíblias, EM HEBRAICO, enviadas de Lisboa para a Índia, é um tanto escura. Não há, infelizmente, documentação que faça suficiente luz sobre o interessante assunto.