Machado de Assis - Estudo crítico e biográfico

O resto do tempo era para o trabalho em que gastou as últimas forças, mas que distraía. "Agora estou bastante cansado", escrevia a Mário de Alencar em dezembro de 1906, "particularmente do pescoço que me dói, visto que ontem gastei todo o dia curvado a trabalhar em casa. Para quem já havia trabalhando todo o domingo — nos outros dias tenho a interrupção das tardes — foi realmente demasiado. Mas eu não me corrijo."

E, nas cartas, o amigo solícito levava a lhe pedir que se poupasse, que não sacrificasse a saúde.

Mas não saberia viver sem trabalhar quem outra cousa não fizera a vida toda. A curiosidade intelectual continuava a mesma; prova autêntica de vitalidade é o fato de ter por esse tempo, já se abeirando dos 70 anos, começado a aprender grego: existe na Academia de Letras, tocante pelo capricho com que é feito, pelo apego que revela às cousas do espírito, um caderno com exercícios rudimentares de grego da mão do grande escritor. Nada mostra melhor o que foi em Machado de Assis a paixão de saber, a força da inteligência, do que esse caderno de colegial aplicado, começado à beira do túmulo.

O escritor ainda não tinha dito a última palavra, e ainda teria de dar vasão aos sentimentos íntimos do homem. Apesar de ter pensado que a sua carreira terminaria com a morte da mulher, Machado de Assis, ainda uma vez, vai tentar fixar,

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