Machado de Assis - Estudo crítico e biográfico

deserto, uma ou outra patrulha, algum tílburi raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Junto do cais da Igrejinha dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o Saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água."(11) Nota do Autor

Vida igual a todas as vidas de moleque, mal vestido, mal alimentado, a miséria no corpo e a alma livre.

Mas nem sempre seria igual a todos... As "cousas esquisitas" que lhe davam de repente e que o deixavam derreado, certamente faziam com que os companheiros se afastassem um pouco dele; quando se zangava, começava a gaguejar, e os outros se riam.

Isso tudo ia fazendo de Joaquim Maria um moleque um pouco diferente dos outros.

Desconfiado, retraído, ia aprendendo a viver para dentro, a matutar sobre cousas que aos outros passavam desapercebidas, a sentir, por exemplo, o mistério de "uma rotulazinha escura, portal rachado de sol", onde uma mulher esperava um marinheiro, à boquinha da noite, quando "já não podiam ver o Hospital dos Lázaros e mal distinguiam a Ilha dos Melões", quando "as mesmas lanchas e canoas, postas em seco, defronte da casa, confundiam-se com a terra e o lodo da praia."(12) Nota do Autor

Machado de Assis - Estudo crítico e biográfico - Página 39 - Thumb Visualização
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