pelas exterioridades. Preferem a forma à substância. Alheando-se as participações imediatas na obra política e administrativa, esperam, como se estes tivessem um dom divinatório, tudo dos homens e dos sistemas políticos, esquecidos de que uns e outros haurem a seiva de que vivem na ajuda interessada e na fiscalização severa da opinião pública. Permanece esta, assim, com um caráter diferente do que possui nas verdadeiras democracias, tornando-se um mero ponto de relação nos debates políticos, apática e passiva, ou então explodindo estimulada pelos demagogos em manifestações tumultuárias de rua, isto porque, desvirtuada em sua verdadeira finalidade, ela só conhece os extremos, lembrando uma agulha doida de marear, que percorre todos os quadrantes da bússola sem se fixar em ponto algum.
Muito ao contrário disso os ingleses não fazem questão de "estadistas magistrais" nem de "soberanos esplendorosos", à maneira de um Rei Sol ou de um Duce; exigem, porém, e esta é a pinta de sua superioridade, governos eficientes. Aplicam ao Estado o princípio de Emerson, pelo qual é preciso retirar de cada indivíduo, servindo de acordo com sua inclinação e aptidão específicas, e armado dos instrumentos mais aptos a seus fins, o máximo possível de rendimento. Este princípio o inglês o aplica indiferentemente ao governo e à oficina, ao barco de pesca e à nau de guerra, ao pessoal que trabalha nas canalizações de esgoto como aos artífices de uma relojoaria e aos funcionários de uma seção de contabilidade do erário. A eficiência é o segredo da nação inglesa. E o segredo dessa eficiência pode ser representado pelo bom senso de que ali dá provas tanto o Rei quanto o operário ou o trabalhador rural do mais obscuro burgo podre. O Príncipe de Galles era tido e havido como um príncipe boêmio, amigo dos bons vinhos e das