Os indígenas do Nordeste – 2º vol

moderna etnografia nega a possibilidade de reconstituir os estágios da economia rudimentar, uma vez que as formas culturais são variadas e complexas, também foi possível verificar entre os povos mais elementares uma estrutura ideológica aproximada dos povos de alta cultura.(1) Nota do Autor A sucessão ritual das três fases clássicas, — a caça, o pastoreio e a agricultura, — procuraram alguns sociólogos, Hahn por exemplo, traçar novo esquema da evolução econômica: primeiramente, a cultura da enxada (Hackbau), forma primitiva do trabalho rural; em seguida, a domesticação da espécie bovina, a princípio por motivo religioso, depois econômico; e, afinal, a invenção do carro, origem da cultura do arado (Pflugbau), ao qual se ligou o boi. A enxada e o arado seriam, assim, a expressão das duas formas da economia agrícola, a inferior e a superior.

Os agricultores da enxada (indaga, todavia, L. Febvre), que laboram penosamente o solo, mostram-se superiores aos puros caçadores e pescadores? Do mesmo modo (acrescenta o citado geógrafo francês), são os pastores menos civilizados que numerosos agricultores rudimentares? O próprio sedentarismo não mostra, em relação ao nomadismo, apenas uma dignidade aparente e relativa? Eis algumas interrogações, que nos estão a indicar a precariedade das teorias rígidas. Toda economia humana, por mais rude que seja, não exclui complexidade e organização.

Os indígenas do Nordeste – 2º vol - Página 14 - Thumb Visualização
Formato
Texto