Os indígenas do Nordeste – 2º vol

anterior à invenção do primeiro utensílio, ao advento da linguagem e ao descobrimento do fogo, — nada se sabe. Nenhum povo vive em estado propriamente primitivo. Aos fósseis humanos mais antigos pertencem as jazidas árqueas de Trinil, de Monte Hermoso, de Buenos Aires e de Mauer: apenas podemos notar que os fragmentos ósseos encontrados nessas estâncias paletnográficas aproximam os seus possuidores mais dos monos do que mesmo da espécie humana. Um segundo grupo de vestígios diluviais constitui o que se chama a raça do vale do Neander ou raça neandertalense (Crapina, Spy, Podbaba, Tilbury, Gibraltar, etc.) : restos de ossos calcinados descobertos, v. g., em Taubach-Ehringsdorf, vieram demonstrar que o homem neandertalense já utilizava o fogo. De certo modo, tem razão O. Spengler quando diz que, desde que se conhecem esqueletos humanos, é o homem o mesmo de hoje.

Tudo mostra que se não pode excluir da vida do homem paleolítico inferior a sua complexidade. Vivia agrupado em bordas, nos acampamentos ou abrigos, cuja duração estava condicionada à abundância dos alimentos e à segurança do pouso. A fogueira manteria à distância os animais ferozes; ramagens ocultavam a entrada do covo, ou, enlaçadas e fixas no solo, protegiam o arraial contra a chuva e os rigores do tempo. Ainda hoje, observa Hugo Obermaier, os vedas espalham, ao redor de seus acampamentos, folhas secas, cujo ruído, produzido pelo peso das patas, denuncia a aproximação do inimigo.(1) Nota do Autor A armadilha era o melhor processo de prear o mamífero ágil ou perigoso.

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