E como que estendia entre os tumultos do passado e o futuro ainda incerto, apenas entrevisto, uma cortina divisória...
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De fato, Silvio, a partir desse momento, fala, diversas vezes, numa "segunda fase" da sua carreira intelectual.
Quais fossem os contornos das duas etapas, que a cátedra dividia, ele teria achado mais prudente não dizê-los no momento.
Oito anos mais tarde, todavia, quando traz à luz a História da Literatura Brasileira — que Araripe apresenta como um empreendimento que ele não realizaria se não fossem os "lazeres do magistério" — já aí não tem reservas para a demarcação.
"O autor há passado por três fases. A primeira foi a do otimismo da meninice e da primeira juventude, idade em que toda gente lê nos livros das classes à famosa descrição do Brasil de Rocha Pita e acredita em tudo aquilo como numa dogmática infalível. A segunda foi a do pessimismo radical e intratável a que deu curso em seus primeiros livros. A terceira é a atual, a da crítica imparcial, equidistante da paixão pessimista e da paixão otimista, que nos têm feito andar às tontas, fase, essa última, que parece ser a da madureza de todo espírito que quiser sinceramente servir ao seu país.
Não é mais tempo de dizer que o Brasil e os brasileiros são o primeiro país e o primeiro povo do mundo, assombrosas patranhas em que nem mais as crianças acreditam; mas, também, não é mais tempo de declarar que o Brasil e os brasileiros são a vergonha e a lástima do mundo, pecaminoso brado de