clínicos epidemiológicos e parasitológicos se superpõem completamente.
Tokelau e chimberê representam os dois tipos clínicos principais do grupo nosológico das endodermofíceas. Ambos têm sua área de distribuição geográfica bem definida. O primeiro irradia dos países habitados pelos povos de raça malaia para a China e para a Índia. O segundo é estritamente limitado a grupamentos de índios selvagens segregados do contato da civilização em pontos remotos do Brasil. Como explicar a distribuição dessas duas dermatoses afins e dos respectivos cogumelos produtores em regiões tão diversas e tão distantes uma da outra? Só uma explicação é cabível no caso, a da remota importação da doença para a América em época pré-colombiana, por ocasião das migrações de indivíduos vindos das ilhas da Oceania. Essa explicação também daria conta, no caso de confirmação de sua existência, dos casos de tokelau que foram referidos da África do Sul, regiões para onde sabidamente também se dirigiu a corrente emigratória pré-histórica da Oceania. No Novo Continente se teria provavelmente algum tanto modificado o aspecto clínico da doença e sofrido uma modificação análoga o seu agente produtor. A não ser admitida essa hipótese, só resta supor que condições mesológicas comparáveis tenham criado de um lado nas ilhas da Oceania e na Península Malaia, de outro no Brasil, tipos de parasitos semelhantes ao extremo (no caso, os cogumelos do gênero Endodermophyton) dotados de propriedades patogênicas quase de todo ponto semelhantes, capazes, por conseguinte, de produzirem duas dermatoses parasitárias tão parecidas uma com a outra como o são o chimberê e o tokelau.
Sem dúvida a hipótese da introdução do parasito e da doença pelos imigrantes malaios de que se originam certamente os índios americanos é das duas a mais simples, a mais lógica e a que mais argumentos pode trazer a seu favor.