Rondônia

de Acampamento e Transporte, comandante do contingente militar. No Diário do Chefe o seu nome reponta a cada página; vai ao encontro dos índios bravios, de que há notícias por perto; consegue pescado ou caça para a fome dos expedicionários; é o enfermeiro carinhoso dos camaradas abatidos pela doença; volta para trabalhos complementares no terreno percorrido; numa das vezes, através da mata, sozinho, oito léguas a pé, faminto e cansado. A 30 de outubro de 1909 uma piranha, peixe voraz dos nossos rios, arranca-lhe, com as tesouras dos dentes, um pedaço da língua. Quase morreu, sufocado pelo sangue, escreveu Rondon no seu diário. Tal o militar, homem de ação, sans peur et sans reproche... Mas há também o geógrafo, que levantou alguns rios figurados nos mapas recentes.

Diz Rondon, no seu livro, que certa vez, para comemorar serviços do digno oficial, mandou lavrar uma árvore no local da façanha e nela fez esculpir o nome de Pyreneus. Assim vivem e morrem os heróis. Os jornais não lhe publicaram o retrato; mas o cerne, que a terra pátria sustenta, ergue, no crescer da árvore, o seu nome.

Recebi de La Vitoria, a 25 de fevereiro de 1936, o seguinte telegrama: "Abraço-te comovido pelo teu gesto amigo junto ao túmulo do nosso saudoso inesquecível Pyreneus, um dos bravos da epopeia dos sertões que crismaste com o nome de teu formoso livro. Guardarei sua memória como uma das relíquias da minha gratidão — General Rondon".

E. Roquette-Pinto.

Rio, maio de 1938.

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