Ensaios brasilianos

constantemente coisas belas como as que mal pude levemente recordar, da sensibilidade apurada as letras hão de receber o carinho que tantas composições recomendam. Depois de tudo isso, trazeis para a Academia, como queria Medeiros, o simples encanto do trato pessoal, a elegância discreta das atitudes.

Não vos preocupe mais a indagação dos nossos intuitos no caso da escolha feliz.

Quase estou em afirmar que nem mesmo foi causa — "o romance que existe em toda obra de ciência". Para os altos valores espirituais há sempre aqui um lugar. Mas os romances guardam o antigo prestígio. A humanidade é muito moça.

Aqui, Sr. Miguel Osório, onde hoje vos recebemos com tanta alegria, muitas vezes há de vir ao vosso pensamento a lembrança daquela nave iluminada, que na lenda medieval singrava o mar, varando o nevoeiro e a tormenta, rumo incerto quando faltava a Tramontana, tudo sofrendo sem queixa, dominada pela visão da figura sem par de formosura e meiguice, que de longe atraía toda a cristandade. Depois vereis, de certo, que quase tudo hoje é diferente...

Mas bem de pressa concluireis comigo que o mesmo sonho de luz e de harmonia continua. Os da nave antiga nem mesmo tinham "a agulha que dita o Norte"; só a poesia os animava. Nós somos muito mais felizes; além da Arte, a Ciência nos ampara. Eles esperavam tudo da conquista; nós tudo esperamos do trabalho. Mas a esperança é a mesma...

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