Ensaios brasilianos

que o discípulo mais inteligente de Fritz Müller (20)Nota do Autor — era um negrinho, tão bom aluno "como os melhores lá do clima frio" — dizia ele; que muitas plantas tem movimentos heliotrópicos; que em 1865, ele e Darwin trocaram os próprios retratos, entre expansões de mútua e profunda estima; que Darwin considerou as opiniões de Agassiz "as of any value;" que o autor de Origem das espécies não cessava de pedir a Fritz Müller para guardar todas as suas notas, a fim de fazer um "wonderful book"; que Fritz Müller teve a pachorra incrível de acompanhar, minuto a minuto, a fabricação dos alvéolos das abelhas Trigona e Melipona marcando, nos desenhos, a ordem em que os escaninhos iam surgindo do trabalho das insígnes ceroplastas; que ele se queixou, amargamente, do Governo da República, quando este aceitou o seu pedido de demissão; que resolveu aplicar exclusivamente, em trabalhos científicos, a soma de 360 marcos recebida de Haeckel em 1895; que do próprio Museu Nacional, em grave crise naquele tempo, ele se lembrava com tristeza.

Que importa?

Só existe, de fato, um julgamento seguro, firme, calmo e valioso, depurado pelas ondas frias do tempo — é o juízo das gerações. Nós aqui estamos, esquecidos das asperezas de muitas das suas opiniões, para honrar o seu grande nome, venerar a sua vida transbordante de beleza.

De tudo o que ele foi, e mesmo de tudo quanto sofreu — nada se perderá nesta nossa terra do Brasil, onde a descrença dos que tem a alma envelhecida não há de envenenar, jamais, o coração dos que têm fé.

Fritz Müller pertenceu à linhagem da gente forte, que trouxe privilégios de ótima herança. Formou entre os primeiros desbravadores. Foi, por isso, apesar

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