O Brasil na lenda e na cartografia antiga

É obvio que somente poderia ser a lenda das Terras Felizes, das Terras da Promissão do Ocidente: Makarié e Eugéa dos gregos, Fortunatae dos latinos, Fortunatus e Eternas dos árabes, Insula Deliciosa do monge Mernoc, Terra da Promissão dos Santos de São Brandão, Vinlandia a Boa das sagas, Bresail ou O'Brasile dos celtas.

Nada mais natural, depois, do que a interpenetração desta última lenda e do achado do pau-vermelho, Mbira-Piranga, quando começou seu tráfico em Santa Cruz. E o vulgo, único capaz de dar nome aos senhorios da Real Coroa, mau grado o protesto indignado de João de Barros, já habituado ao nome da lenda, como os letrados estavam ao da cartografia, facilmente o estendeu à nova região, da qual se contavam maravilhas, da natureza viçosa, da felicidade primitiva e da longevidade dos habitantes, e onde se ia buscar a madeira rubra, cuja alcunha mal se distinguia na prosódia e na escrita do termo lenda, rio irlandês consagrado nos mapas.

Não se esqueça também que os próprios descobridores portugueses não ignoravam a existência cartográfica da palavra Brasil, mesmo nos dias do descobrimento, quando tinham a terra brasileira amanhecendo aos seus olhos. Entre esses descobridores houve quem, sem dúvida, confundiu a terra novamente achada com a famosa ilha lendária do Atlântico. Referindo-se ao Brasil, o bacharel mestre João,

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