O Brasil na lenda e na cartografia antiga

À circunstância de mestre João haver "quase" entendido da linguagem mímica dos Tupiniquins que Vera Cruz era uma ilha não pode ligar-se maior importância do que a devida a uma hipótese tão precariamente fundada, sem esquecer que a denominação de ilha, com que a América Austral permaneceu por muitos anos na cartografia quinhentista, era aplicada a grandes massas de terra circundadas pelo oceano.

Enfermo, sofrendo de uma chaga na perna, "maior que a palma da mão", o médico astrônomo não se encontrava nas mais favoráveis condições para inquirir dos naturais as particularidades da terra e descrevê-las com as minudências copiosas de Caminha. E entretanto, na sua breve carta, tão desdenhosamente comentada pelos humanistas, a ciência astronômica encontrou, como a pérola guardada em rude concha, uma das mais belas reivindicações da cosmografia portuguesa. Esta modesta carta do físico e cirurgião de D. Manuel, a que Capistrano chamou "lenga-lenga confusa", concede às navegações portuguesas a prioridade incontestável da observação e nomenclatura do grupo cruciforme de estrelas conhecido por Cruzeiro do Sul, que figura como emblema da bandeira atual do Brasil.

É depois de contar como em 27 de abril descera em terra com os dois pilotos de Cabral e de Sancho de Tovar e achara pelo astrolábio que a armada

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