O Brasil na lenda e na cartografia antiga

Não há neles nem um vício, a não ser que um povoado guerreie o outro. Não se comem, porém, uns aos outros como na Terra do Brasil inferior (das baixas latitudes). Matam-se todavia uns aos outros, não fazendo prisioneiros. Dizem que o povo é de muito boa e livre condição, não havendo naquela costa leis nem rei, a não ser que ouvem os velhos entre eles e lhes obedecem, como na Terra do Brasil inferior. Também é todo o mesmo povo; só tem outra língua.

Eles têm também recordação de São Tomé. Quiseram mostrar aos Portugueses as pegadas de São Tomé no interior do país. Indicam também que têm cruzes pela terra adentro. E quando falam de São Tomé, chamam-lhe o Deus pequeno, mas que havia outro Deus maior. É bem crível que tenham lembrança de São Tomé, pois é sabido que está corporalmente por trás de Malaca; jaz na costa de Siramath, no golfo de Ceilão. No país chamam também frequentemente seus filhos Tomé.

Há também grandes montanhas no interior. Dizem que em alguns lugares a neve nunca desaparece, conforme os informou a gente da terra.

Estiveram em alguns portos onde encontraram muitas e variadas peles preciosas de animais silvestres, as quais a gente veste mesmo cruas sobre o corpo nu; não sabem prepará-las, a saber: peles de leão, leopardo, de que consta haver muitos no país,

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