I - A PAISAGEM
1 - O ilusógeno
Era sem dúvida zona rural: a sede do distrito contaria mil, dois mil habitantes, se tantos. A municipal ficava longe - trinta quilômetros, um dia de viagem no lombo de burro, só se indo em casos extremamente graves, chamar o doutor Chiquitinho para alguma operação, de que o enfermo morria quase sempre; ou ver, na Coletoria Estadual, se ia chegar ou não o pagamento dos professores, sem receber desde o outro ano. Os demais distritos eram distantes, mesmo o Divino, a dez quilômetros, só procurado nas grandes festas - São Sebastião, Rosário e Divino - que o padre Felix matara cá e o negro vigário de lá tornava cada vez mais imponentes. O forte demográfico era das roças: Macacos, Bicuiba, São Bento, São Filipe, Paraguai, dos Nunes, do Quinzote. Domingo, o pessoal acorrido à missa do dia amarrava os pangarés sob a gameleira ou simplesmente na cerca próxima às casas de comércio; e honrava mais ao diabo do que a Deus: bebia muito, a ponto de escornar-se pelos caminhos, na volta, que raramente acabava a tempo de tratar dos porcos e apartar os bezerros.
Meio seguro de ver toda a população distrital: Missões e presença do Bispo. Se da Diamantina anunciavam uma visita episcopal, a passagem dos Redentoristas