temos salários com os quais nunca ousaram sonhar; mas elevaremos também o preço das cousas necessárias, de tal maneira que nossos lucros serão ainda maiores. Assim, prepararemos revoluções, que os cristãos mesmos farão e cujos frutos colheremos nós. Por nossas impertinências, por nossos ataques tornaremos ridículos seus sacerdotes, e depois odiosos - sua religião tão ridícula e tão odiosa quanto seu clero. Seremos, então, senhores de suas almas.
Pois nosso piedoso agarramento a nossa religião, a nosso culto, lhes provará a superioridade de nossas almas. Já situamos nossos homens em todas as posições importantes. Esforcemo-nos por fornecer aos gois advogados e médicos; os advogados estão ao corrente de todos os interesses; os médicos, uma vez na casa, tornam-se confessores e diretores de consciência. Mas, sobretudo, açambarquemos o ensino. Por aí, espalharemos as ideias que nos são úteis, e empederniremos os cérebros, a nossa vontade".
O povo brasileiro precisa ver no cine americano apenas divertimento, não modelo de vida social. Precisa convencer-se de que não é o nababo que pensa, para não continuar a ser o esbanjador, que tem sido. Precisa convencer-se de que não se perpetuam desequilíbrios sociais levados ao ponto a que conduzimos os nossos. Precisa retornar um pouquinho ou muitinho ao cristianismo, ainda quando se limitem ao cristianismo apenas como ética social os não dispostos a aceitá-lo como religião, que, deslocando do Homem para Deus o centro de gravidade de todas as cousas, só por esse modo já resolve muito problema. Aqui, os pobres o somos sem virtude; os ricos, sem ideal. Desaparecida a hipóstase entre cidadão e cristão, reduzida a vida social à simbiose, transformamos a comunidade brasileira em ajuntamento, sem ação freiática(*) Nota do Revisor da Lei, pois esta se reveste apenas da natureza humana, só se devendo satisfações a autoridades