PREFÁCIO
Este livro nasce velho. Eu me explico: em 1918, ao regressar do Piauí, ingressei novamente no Instituto do Butantã.
A gripe, a célebre pandemia que ceifou tantas vidas, em todos os recantos civilizados do mundo, para terminar a obra destruidora da primeira grande guerra, cobriu de luto os lares brasileiros, implantando a dor e o desespero por toda parte. Somente o setor da saúde pública - Serviço Sanitário e suas dependências - conservava a calma que não pode faltar nas grandes calamidades. No Instituto do Butantã congregavam-se os homens de laboratório, com o fim especial de enfrentar e debelar a grande desgraça. Nessa ocasião, tive a oportunidade de conhecer lá o Professor Oscar Freire, e estreitar mais os laços de amizade com o Dr. Artur Neiva - Diretor do Serviço Sanitário. Com este saudoso higienista, conhecedor do norte do país, a nossa palestra sempre versava sobre as coisas nortistas. Ofereceu-me ele o relatório que escrevera em colaboração com o não menos ilustre higienista - Belisario Pena - seu companheiro de viagem.
Alguns dias depois, perguntando-me se já havia lido o relatório, e obtendo resposta afirmativa, sujeitou-me a uma verdadeira sabatina. Gostou dos meus comentários e de outras coisas mais, que eu ia relatando.