CAPÍTULO I
A ELOQUÊNCIA PARLAMENTAR NA INGLATERRA E NA FRANÇA
Em sua monumental Introdução à Oração da Coroa, de Demóstenes, dizia Latino Coelho que de todos os gêneros de literatura, o mais difícil, e aquele, de conseguinte, em que são mais raros os triunfos do que os naufrágios, é a oratória política ou, como dizemos hoje, "parlamentar".
Para ele a oratória é ao mesmo tempo arte e ofício. Arte, seu objeto é o culto do belo; ofício, seu fim é o útil como agente da governação da Cidade. O orador é, assim, artista e homem de estado. Pelas graças da imaginação, harmonia do desenho, variedade e frescura do colorido, textura rítmica do período, e orador é mesmo o primeiro dos artistas. Pela agudeza em observar e discernir os acontecimentos do presente, pela previdência com que sabe conjecturar os do futuro, pela discrição com que elege o melhor partido e propõe o melhor conselho, pelo privilégio singular com que governa do alto da tribuna as multidões mal sofridas, o orador é o mais eficaz ou o mais perigoso doa repúblicos.(1)Nota do Autor