A oratória política, porém, constitui arte que somente pode florir nos povos que cultivam a liberdade ou lutam por plantá-la no espírito de seus costumes, e nos preceitos de sua legislação.
Por isso, entre os povos antigos, a eloquência vibrou com preferência na Grécia, que tanto concorreu pela formação da democracia, assim como, entre os modernos, nenhum outro país tem sentido tanto o ecoar altissonante da palavra, em suas mais fecundas construções do ideal cívico, como a Inglaterra, região solitária no meio da vastidão oceânica, sempre embevecida entre o catapultar da eloquência dos seus oradores, que lhe cultivam no solo diminuto a árvore benfazeja da democracia, e o rugir dos mares, instrumento que a natureza lhe deu para as afirmações positivas de seu poderio.
Observava assim com procedência Sir Tomas Erskine(2) Nota do Autor que um dos fenômenos sociais de maior influência no amor dos ingleses por suas conquistas políticas, era o desenvolvimento da oratória parlamentar, cujo intenso brilho começou a manifestar-se com Jorge III.
Certamente, antes de Jorge, já a luta travada entre Carlos I e o parlamento, havia levado à tribuna oradores como Pym, Hampden e outros; a revolução se deslumbrara com o gênio oratório de Somers, e com a rainha Ana surgiram oradores como Bolingbroke e Walpole.
Mas a fama deles se transmite aos pósteros através de crônicas, alimentadas pela tradição. Com Jorge III, mercê do desenvolvimento da imprensa, é que a oratória parlamentar iria ocupar situação verdadeiramente distinta,