pouso durante as épocas de plantio e colheita. Os rios e as matas pertenciam, dada a sua beleza em caça e pesca, a todos os quilombolas.
A agricultura beneficiava-se, por um lado, da fertilidade da natureza e, por outro, do sistema de divisão da terra. Os palmarinos plantavam feijão, batata-doce, mandioca, milho, cana-de-açúcar, pacovais, - e eram essas plantações que sustentavam os soldados que atacaram o quilombo. Havia roças de milho, feijão, favas, mandioca, amendoim, batatas, cará, bananas, abóboras, ananases, e até de fumo e de algodão, nas terras generosas da Carlota. O capitão-mor Severino Pereira, ao dominar o quilombo do Orobó, encontrou canaviais, roças de mandioca, inhame e arroz de iniciativa dos negros. Era universal, nos quilombos, a criação de galinhas, algumas vezes acompanhada da criação de porcos e outros animais domésticos. Havia muita caça e pesca nos quilombos, especialmente nos Palmares e na Carlota, este último "abundante de caça e o rio de muito peixe". E, quanto à simples coleta de alimentos, além dos pomos das mais variadas árvores frutíferas, nativas da terra, regalavam-se os negros de Palmares com uns vermes que viviam no tronco das palmeiras.
Os trabalhadores, aparentemente, dividiam-se por duas categorias principais - lavradores e artesãos. Os escravos procedentes das fazendas certamente se enquadravam no primeiro grupo e terão sido os responsáveis diretos pela policultura. As tropas holandesas que atacaram os Palmares notaram que as roças que encontravam a todo momento estavam sob a responsabilidade de dois ou três negros cada. Os artesãos, notáveis principalmente nos Palmares, eram sobretudo ferreiros, embora houvesse "toda sorte de artífices" nos mocambos. Os documentos antigos não indicam exatamente a atividade econômica a que se entregavam as mulheres, mas provavelmente fabricavam roupas com cascas de árvores e peles de animais,