Há notícia certa de pelo menos 18 mocambos nos Palmares; o quilombo de Pindaituba dividia-se em dois "arraiais" ou "quartéis", sob a direção de Antônio Brandão e de Joaquim Félix ou Teles; o do Orobó, além do mocambo do mesmo nome, dispunha de mais dois, Andaraí e Tupim... Mal sabemos os nomes dos mocambos dos demais, se é que chegaram a fracionar-se em povoações, e muito menos os nomes dos seus chefes, e, entretanto, eram esses chefes do mocambo que constituíam o governo dos quilombos.
Os chefes palmarinos, em todas as ocasiões importantes, reuniam-se em conselho - um costume em vigor entre as aldeias banto - e, segundo o testemunho dos holandeses, tinham uma "grande" casa para as suas reuniões. O presidente do Conselho era o Gana-Zona, irmão do rei e chefe do mocambo de Subupira, a "segunda cidade" do quilombo. Não há, entretanto, notícia de conselhos semelhantes em outros ajuntamentos de escravos fugidos.
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O quilombo foi, portanto, um acontecimento singular na vida nacional, seja qual for o ângulo por que o encaremos. Como forma de luta contra a escravidão, como estabelecimento humano, como organização social, como reafirmação dos valores das culturas africanas, sob todos estes aspectos o quilombo revela-se como um fato novo, único, peculiar, - uma síntese dialética. Movimento contra o estilo de vida que os brancos lhe queriam impor, o quilombo mantinha a sua independência à custa das lavouras que os ex-escravos haviam aprendido com os seus senhores e a defendia, quando necessário, com as armas de fogo dos brancos e os arcos e flechas dos índios. E, embora