A primeira revolução social brasileira

10% ad valorem dos objetos importados, o que equivalia a uma oscilação de preços nas mercadorias, com reflexo nos gêneros de primeira necessidade, que se geravam ao sabor da vontade dos açambarcadores, originando ameaças de graves perturbações da ordem. Explorava-se com a relativa abastança dos comerciantes, como se despojavam os agricultores, na fase áurea, dos seus engenhos e terras. Concorria o Brasil para os dotes das princesas que se casavam na Inglaterra, auxiliava as indenizações para a paz com a Holanda, contribuía para a reedificação de Lisboa. Para essa obra, só a praça de comércio da Bahia foi determinada a concorrer com três milhões de cruzados, pagos em 30 anos, ou sejam cem mil cruzados anuais. Só a Bahia!

Essa infinidade de tributos havia, forçosamente, de entravar a evolução e o progresso da terra, provocando a reação, a grita, a reclamação, porque sobre o consumidor recaía, afinal, o pagamento de tudo com a elevação dos preços. Pouco valeram dos feudatários rurais os protestos contra a voracidade da fazenda que lhes aniquilara a indústria açucareira, lhes enfraquecera a lavoura do fumo e lhes roubara, para os padres da Companhia, a plantação da cana. O povo reagia inconformado; levantava-se nas cidades, amotinava-se nos sertões.

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