perante o governo que sabia punir com o mesmo rigor com que cobrava os fintos. O orgulho de ser brasileiro crescia na proporção do odiado desprezo com que se tratavam os estrangeiros.
No século XVII, já Gregorio de Matos, nosso primeiro poeta, refletindo bem o espírito de irritação da colônia, cauterizava com a sua lira, qual látego candente, os colonizadores que nos desgovernavam e exploravam. É dele essa petulante quadra que define uma época :
"Que os brasileiros são bestas / E estarão trabalhando / Toda vida para manterem / Maganos de Portugal."(1) Nota do Autor
Em nada se alterou a sociedade, no século XVIII. Os lares criados pelos senhores rurais continuavam a ser castelos inexpugnáveis aos estranhos. Nas cidades, os zelos duplicavam a vigilância, porque maiores e mais próximos os perigos pela aglomeração de libertos, soldados e escravos que tornavam as vilas e cidades centros de viciosos hábitos, numa promiscuidade licenciosa de costumes, agravada pela arrogância dos oficiais da tropa e pela fatuidade dos funcionários. Os homens se faziam mais impertinentes;