O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

argumento à crítica superficial contra as nossas outras raças. Mas o caso do alemão brasileiro é mais uma prova da falência da doutrina da superioridade das raças. A colonização alemã, no território fluminense, deu os mais expressivos resultados. Mal escolhidas as regiões colonizadas, que, pela altitude e suavidade do clima, se afiguravam mais convenientes à adaptação, os alemães instalados em Friburgo e Petrópolis prosperaram, como prosperaram portugueses, explorando indústrias e profissões urbanas, próprias das cidades de vilegiatura; os que se deixaram ficar no campo mantiveram-se estacionários ou decaíram, na penúria da luta contra uma terra ingrata, quase inapta para as pequenas culturas, subsidiárias da vida local; os que, descendo as encostas das terras, vieram para as regiões cafeeiras, prosperaram, tal como os portugueses vizinhos e seus descendentes. Mas como os descendentes de portugueses, os filhos e netos de alemães seguem o mesmo destino de afastamento do campo e do trabalho, esterilizam-se nas cidades, arruínam-se, perdem estímulos e energias; e os que permanecem na lavoura sofrem a mesma influência da deterioração da terra e das dificuldades sociais e econômicas da cultura.

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