O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

A vida cerebral do Brasil gira em torno de dous centros: o mundo dos intelectuais e o dos governantes; os escritores, professores, homens de letras e de ciência, os artistas, no primeiro grupo; os políticos, os administradores, os funcionários, no segundo. E esta vida, inteiramente alheia à vida da sociedade, reflete-se, entretanto, no pensamento de todos, sob as formas do diletantismo e do pessimismo, que traduzem a sensação indefinida de que essas cousas não são as que deveram interessar, mas com esta sensação, uma extrema perplexidade na consciência e no caráter social.

A desorientação é característica da nossa época, em toda a parte, e, assinaladamente, nos centros cultos das velhas civilizações. Entre as muitas ruínas que tombam e que oscilam, são ainda pouco visíveis os perfis indecisos de novas construções. A imensa atividade intelectual contemporânea trabalha, quase toda, numa região atulhada de destroços, entre tentamens factícios ou abortivos de construção. O mundo que vai acabando, foi um mundo de sistemas a priori; e a sensação de que ele cai inspira aos espíritos tímidos o temor das soluções, mantendo nos arrojados, a ilusão de que, aos sistemas mortos, devem suceder novos sistemas. Perdem-se aqueles no

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